Foto: Sparta Photography Club / Reprodução
Natural de Alegrete, o ultramaratonista e militar da reserva Luciano Moreira (ao centro) reside em Santa Maria

O ultramaratonista Luciano Moreira dos Santos, de 55 anos, morador de Santa Maria e natural de Alegrete, percorreu 246 quilômetros em 33 horas e 50 minutos durante a tradicional Spartathlon, prova realizada entre Atenas e Esparta, na Grécia. Militar da reserva do Exército, Luciano completou uma das corridas mais desafiadoras do mundo e contou os bastidores da conquista em entrevista ao programa Papo D Esporte, do Diário.
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Seis anos até a corrida dos sonhos
Luciano explicou que a paixão pelas ultramaratonas começou tarde, aos 44 anos, quando percebeu que havia perdido velocidade, mas ganhado resistência. — “Eu descobri que havia perdido muita potência, mas me encontrei numa corrida que eu conseguiria administrar mais o ritmo e percebi que era ali que eu deveria seguir”, relatou.
A participação na prova grega foi resultado de um projeto de seis anos. Ele buscava o índice desde 2019, ano em que venceu sua primeira corrida de 100 km na Argentina. Após tentativas frustradas, conquistou a vaga em 2024 e, em março deste ano, foi sorteado para representar o Brasil na competição.
– Quando fui sorteado, tive a alegria de ser escolhido, mas pensei: ‘Nossa, agora eu tenho que correr 246 km’. A partir dali, mudei meus treinamentos e comecei a treinar para completar a prova – contou.
A preparação envolveu treinos em diferentes horários e climas, priorizando subidas e terrenos irregulares para simular as condições do percurso grego.
– Eu gosto muito de estudar a prova. Estudei o clima, as distâncias, as adversidades. Treinei na chuva, no frio, no calor, à noite, de madrugada. Fiz todos os tipos de treinamento possíveis – afirmou.
Durante a corrida, o atleta enfrentou momentos de exaustão e até quase adormeceu em movimento.
– Tive três momentos em que quase dormi correndo. E o que me salvou foi a Coca-Cola. Não tinha café, não tinha energético, e eu fui na Coca-Cola”, relembrou. Ele também contou ter enfrentado bolhas, embolamentos e cãibras, mas manteve o foco com fé:
– Parei, fiz uma oração porque eu fui tão longe e não podia desistir. Pedi a Deus e, aos poucos, fui voltando. Consegui normalizar a perna e seguir até o final.
“Eu quero, eu posso, eu consigo”
Luciano concluiu a prova dentro do tempo limite de 36 horas, com uma sobra de 130 minutos, e alcançou três das quatro metas pessoais: completar a corrida, fazê-la abaixo de 34 horas e ficar entre os três melhores brasileiros.
– O desafio é sempre comigo. Não gosto de fazer comparativos com ninguém. Eu quero fazer o meu melhor. Quando percebo que há uma oportunidade de melhoria, eu volto. O desafio sempre é comigo mesmo – destacou.
A competição, avalizada pelo Comitê Olímpico Grego, exige dos atletas cumprimento rigoroso de regras de segurança e controle de tempo. — “Passei por 75 pontos de corte dentro do horário. Se passa cinco segundos fora, está fora. Coloquei na cabeça desde o princípio que estava representando milhares de pessoas, meus amigos, meus familiares e meus patrocinadores – contou.
Ao final da entrevista, Luciano deixou uma mensagem de incentivo:
– Nunca é tarde para sonhar. Eu sempre digo: eu quero, eu posso, eu consigo. Quando você fala isso para o seu interior, já tem 50% do caminho andado. O resto é trabalho duro, fé e perseverança – completou
Confira a entrevista completa: